Monday, December 1, 2014

Quem anda no chão, quem anda nas árvores, quem tem asas - nova criação




Há sinais. Há rumores. Os índios dizem que um dia o céu irá cair.
Quem anda no chão, quem anda nas árvores, quem tem asas, quem mora na água, assim os povos amazônicos descrevem os seres da floresta. Na origem dos tempos, eram todos humanos: as onças, as araras, as antas, os porcos-do-mato, os pirarucus. Depois, se transformaram em outra coisa e viraram caça. No entanto, para eles, ainda somos todos animais. Somos a caça que mora em casas (Eduardo Viveiros de Castro).
Ignorantes, alienados, inocentes, raivosos, desesperados, covardes, melancólicos, eufóricos, infantis, perdidos na alegria quente, homens e mulheres seguem o seu destino no seio do mundo que gira. Sob a roda da fortuna que eleva, seduz e atira à queda, temos todos o mesmo chão sob os pés. O homem avança na paisagem e a paisagem avança no homem diante de um zênite em queda.
Em um mundo à beira do colapso, as tragédias se amontoam, transbordam e desafiam a nossa sorte. Heróis surgem fugazes como estrelas brilhando no escuro. Rápidos, intensos, seus dramas nos fazem mais humanos, mais vulneráveis na nossa proximidade do comum vivido. Através de seus dramas, vivemos um possível futuro. Em compaixão, o nosso eventual destino.
Quem anda no chão, quem anda nas árvores, quem tem asas propõe repensar a tragédia em um diorama. Comuns nos museus de história natural, os dioramas encerram vista e ambiente em reproduções realistas de paisagens. Na origem do termo, diorama significa através do que se vê, uma vista. Através deles, mergulhamos em tempos congelados de um animal na sua paisagem. O museu de ciências naturais visita o trágico, desliza na comédia e constrói ficções criando uma vista para um panorama em mutação, um mundo em queda, experienciado através do que a distância preserva, evidencia e faz desaparecer.
Estréia no Galpão das Artes do Espaço Tom Jobim, dia 15 de novembro 2014.

Temporada : Nov 15 – Dez 7. Sextas e sábados às 18h30.  Domingos às 17h30.

Residências de criação : 
PAR – Programa Artistas en Residencia em parceria com Casa Rodante e Festival Internacional de Dança de Montevidéu. 2 Abril- 11 Maio, 2014.

Barracão Maravilha, no Rio de Janeiro. Setembro-Novembro 2014.

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Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Rio de Janeiro. I am a performing artist and art maker coming from dance. I love to dialogue with the historical, material and affective context we are immersed in any given situation. As art form, my work goes from multimedia stage conceptual work to convivial and open-air pieces. It strikes me the awareness and fictions arising from the sublime of daily situations, its materiality, the reference points that we cling to and build up our relation to reality and how meaning grows from this. contacts: gustavociriaco@gmail.com | marine@elclimamola.com

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